Adjudicação em leilões judiciais: tudo o que você precisa saber
Se você está começando a se interessar por leilões judiciais, provavelmente já se deparou com o termo adjudicação, mas talvez ainda não tenha compreendido exatamente o que ele significa e como ele se aplica ao contexto dos leilões.
A adjudicação é um conceito importante que pode afetar diretamente quem participa desses processos. Neste artigo, vamos explicar o que é a adjudicação, como ela pode ser utilizada no âmbito dos leilões judiciais e o que você deve saber antes de participar de um leilão ou considerar a compra de um imóvel adjudicado.
Fique atento para esclarecer suas dúvidas!
O que é um imóvel adjudicado?
Um imóvel adjudicado é uma propriedade tomada pelo credor (geralmente um banco ou instituição financeira) devido à inadimplência do comprador original. Esse processo judicial ocorre quando o devedor não consegue quitar a dívida e, por isso, o imóvel é transferido para o credor como forma de pagamento da dívida pendente. Em muitos casos, o imóvel adjudicado acaba sendo leiloado ou vendido a um novo comprador por um valor significativamente abaixo do mercado.
Diferença entre imóvel adjudicado e imóvel alienado
Enquanto o leilão é um processo de venda pública onde qualquer interessado pode arrematar o imóvel, a adjudicação é um processo no qual o credor assume a posse do bem sem depender da presença de compradores. Ou seja, a adjudicação não envolve concorrência, como no leilão, e ocorre apenas quando o credor não consegue obter o valor necessário através de ofertas no leilão.
O processo de adjudicação é uma maneira de resolver a dívida de forma direta, onde o credor toma posse do bem, independentemente de quem arrematou o imóvel durante o leilão. Portanto, é fundamental entender como funcionam os leilões judiciais e a adjudicação para evitar surpresas durante o processo.
Oportunidades e vantagens de adquirir um imóvel adjudicado
A aquisição de imóveis adjudicados pode ser uma excelente oportunidade financeira. Esses imóveis costumam ser vendidos por preços bem abaixo do valor de mercado, o que pode representar uma grande chance para quem está em busca de um bom negócio. No entanto, é necessário estar ciente dos cuidados antes de seguir com a compra.
Cuidados e riscos ao adquirir um imóvel adjudicado
Embora o preço atrativo seja uma grande vantagem, a compra de um imóvel adjudicado envolve riscos que não devem ser ignorados:
- Situação de ocupação: muitos imóveis adjudicados ainda estão ocupados pelo antigo proprietário ou inquilino. Desocupar o imóvel pode ser um processo complicado e, em alguns casos, exigir ações judiciais;
- Dívidas pendentes: o novo comprador pode ser responsável por débitos relacionados ao imóvel, como dívidas de condomínio, IPTU, ou até encargos de financiamento não quitados;
- Contestações jurídicas: em algumas situações, o imóvel adjudicado pode ser contestado pelo antigo proprietário, o que pode atrasar a posse ou até reverter a transação.
Dicas para uma aquisição segura
Para evitar problemas ao arrematar num leilão e garantir uma compra segura de imóvel adjudicado, siga essas recomendações:
- Verificação de certidões negativas: antes de adquirir o imóvel, é imprescindível verificar se existem dívidas pendentes, como débitos de condomínio e impostos, que podem ser transferidas para o novo proprietário;
- Análise da data de retomada: verifique se o processo judicial foi feito corretamente e se não há possibilidade de contestações;
- Reserva financeira: tenha uma reserva financeira para cobrir possíveis custos extras, como despesas judiciais ou reformas necessárias no imóvel;
- Inspeção do imóvel: realize uma vistoria detalhada para avaliar o estado do imóvel antes de formalizar a compra.
Modalidades de venda de imóveis adjudicados
Os imóveis adjudicados podem ser vendidos por diferentes métodos, sendo o leilão a forma mais comum. Além disso, alguns imóveis podem ser vendidos por meio de concorrência pública ou venda direta.
O leilão é geralmente acompanhado de um edital que contém todas as informações necessárias sobre o imóvel, como sua localização, características e valor de avaliação. Fique atento a esses detalhes para fazer uma compra informada.
A importância da análise jurídica
Contar com a ajuda de especialistas, como advogados e profissionais do setor imobiliário, é imprescindível ao adquirir um imóvel adjudicado. Eles poderão orientá-lo durante o processo, garantindo que todos os aspectos jurídicos sejam devidamente verificados e que a transação ocorra sem complicações legais.
Quando o valor do bem é maior do que a dívida adjudicada
Quando o valor do bem adjudicado ultrapassa o valor da dívida, o credor pode ser obrigado a devolver a diferença ao devedor. Caso contrário, configura-se enriquecimento ilícito, o que é vedado pela legislação.
Em 2024, a 2ª Seção do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que engloba os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, condenou a Caixa Econômica Federal a devolver aos ex-mutuários de um imóvel retomado por falta de pagamento a diferença entre o valor da dívida e o valor obtido com a adjudicação do imóvel.
O caso envolveu um casal de São Leopoldo (RS), que precisou deixar o imóvel para saldar uma dívida de R$19 mil. Após o processo de leilão, o imóvel foi adjudicado por R$39 mil, mas os ex-proprietários entraram com uma ação alegando enriquecimento ilícito por parte da instituição financeira. O tribunal entendeu que a diferença deveria ser devolvida aos ex-proprietários.
A diferença entre adjudicação e remição
É importante também diferenciar a adjudicação da remição, outro termo relevante no contexto dos leilões judiciais. Enquanto na adjudicação o credor assume a propriedade do bem para saldar a dívida, na remição é o devedor que tem a possibilidade de pagar a dívida e evitar a perda do bem, antes mesmo da adjudicação ou do leilão. Ou seja, a remição permite que o devedor resgate a propriedade, quitando o valor total da dívida e os custos do processo.
A adjudicação é uma ferramenta importante dentro dos leilões judiciais, oferecendo uma solução eficiente quando o bem não é arrematado. No entanto, é fundamental entender como funciona todo o processo, desde a transferência de posse até os cuidados com as dívidas e contestações.
Por isso, ao seguir as dicas e tomar os cuidados necessários, você pode aproveitar as oportunidades de adquirir um imóvel adjudicado a preços acessíveis, minimizando os riscos. E se você pretende comprar um imóvel em leilão e não sabe como proceder após a compra, continue lendo nosso blog para entender mais. Será um prazer ajudá-lo!
É muito importante para os possíveis arrematantes conhecer a tramitação, eis que, poucos conhecem as leis, inclusive as que norteiam o art. 130 do CTN. Obrigado. Dimas
Obrigado pelas informações, muito fáceis para entender.
Muito BOM essas explicações, continuem com esse excelente trabalho, PARABÉNS
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Afinal até quando é possível deferir pedido de adjudicação do imóvel feito pelo credor? Até antes de o juiz assinar o auto de arrematação?
Prezado Henrique
A adjudicação poderá ser feita até o ato do leilão, porém só é válido quando não há disputa e não há desconto. No entanto as regras podem variar conforme o entendimento de cada Juiz.
Excelente. Obrigado.
Aproveitando a oportunidade sobre o assunto, gostaria de saber se cabe usucapião de um imóvel do avô para o neto. Vou conta como ocorreu. Eram 5 herdeiro de um terreno, um herdeiro comprou a parte dos outros com contrato de gaveta , mas não registrou nem reconheceu firma em cartório, então esse herdeiro passou para o filho que construi uma casa onde mora há mais de 15 anos. Então pergunto, cabe usucapião nesse caso ? O avô faleceu há mais de 20 anos, e um herdeiro tb. faleceu, mas os filhos desse herdeiro, não quer assinar a transferência alegando que hoje o terreno vale mais. Alguém pode me ajudar ?
Olá Sr. Rafael Moreira, identificamos que o seu caso foge da esfera de leilões judiciais, aconselhamos nesse caso que o Sr. contrate um advogado especializado no assunto para que ele te possa responder essas questões com mais objetividade.
Otimo essas informaçoes, pode ajudar muito.